Sumario: | Este ensaio pretende trazer modos de ler "El eco de mi madre", de Tamara Kamenszain, compreendendo o livro como um duplo eco e percorrendo suas ressonâncias e dissonâncias ao buscar o que se desloca da escuta para a escrita: por exemplo, como essa escrita traz marcas do ritmo de um trauma inscrito no corpo que ressoa o que foi emudecido na língua materna? O deslocamento, portanto, vai se configurando como operador das chaves de leitura: da ontologia (“ser”) para a convivialidade (“estar-com”), da estabilização do referente para uma posição cambiante do sujeito e do lugar enunciativos, do ponto de desarticulação da língua para uma ponte de encontro entre vivos e mortos, do ponto de desarticulação da prosa para o ponto de partida do verso, da fixidez do ponto final para a suspensão do ponto como um ponto de partida de um romance. Esses e outros deslocamentos vão se tecendo a partir de operações de corte e alinhavo do que se transmite ou não de uma língua, inventando outra que seja, a um só tempo, um idioma para falar tanto com mortos como com bebês.
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